Qual a confraria ideal?

Feita para reunir, integrar, agradar...

Vocês que já produziram uma confraria bem sabem o quanto é difícil escolher um local, definir o menu e, principalmente, apontar os vinhos de um evento como este. Foram tantas até hoje... Nas contas do Augusto já se passaram quatro anos, ou seja, mais de umas 40 nós fizemos. Então vamos curtir juntos a confraria de abril. A idéia é experimentarmos juntos novos sabores, aromas e cores, em boa companhia, claro!

Recepção e apresentação:
Antonio Mendez de Sousa
Cabaña Las Leñas / EAU - Hyatt / Grupo Rubayat / North Grill
Eriomar Novaes
Grupo Rubayat/ Varanda Grill / North Grill

Menu:
Coquetel de abertura - Champagne Moet Chandon
Entrada - Foie grass com endívias e radichio
Planeta - La Sagreta - 200
5 (60% Grecanico, 20% Chardonnay, 10 % Sauvignon Blanc, 10% Viognier)
1°Pr. (dica de Saul Galvão) - Bacalhau grelhado com batatas rosty
Conde de Valdemar fermentado em barrica
2°Pr. - Costeletas de cordeiro grelhado com risoto milanês
Amayna Pinot Noir
Pesqueira Crianza (Ribeira del dueiro
)

Sobremesa - Mescla de frutas vermellhas e sorvete de creme
Tokaji 3 aszù puttonyos
Águas e cafés

Um comentário:

TAGIL OLIVEIRA RAMOS disse...

Crônica de uma confraria anunciada

Dizem as boas e más línguas que Moisés, tendo vivido 40 anos de deserto, não entrou na Terra Prometida com seu povo. Pela fatalidade do Destino, Augusto Pinto não compareceu à Confraria de Abril de 2007, depois de quatro anos de presença assídua em 40 encontros memoráveis.

Cabalisticamente, o grupo ficou sem a presença do líder, num momento cheio de significados. Tentando driblar esse trágico destino, tivemos de fazer um enorme sacrifício. Degustamos, com lágrimas nos olhos e tinino na boca, o Pinot Noir Amayna servido na ocasião. Olhamos para o cordeiro pascal, ali, tão belamente sacrificado e grelhado em costeletas suculentas, junto a um risoto milanês irresistível. Aceitamos o sacrifício e mandamos ver.

Compenetrados e silentes, nos debruçamos sobre o bacalhau grelhado com batatas rosty. Tivemos quase a impropriedade de gritar em meio ao salão nobre do restaurante Northgrill: “Salve Saul! Salve Valdemar!” Antes que me chamem de louco ou mentiroso, me permitam explicar: o Saul referido não é o bíblico rei que antecedeu Davi, mas o nosso colega jornalista Saul Galvão, que nos presenteou a graça da combinação divina entre o bacalhau grelhado e o forte-suave Conde de Valdemar fermentado em barrica. Estupendo! Babante!

Com a permissão do nosso Márcio Cavallieri, que diz não gostar dos brancos (um preconceito sincero pelo amor aos tintos e retintos), faço a justiça de também citar a abertura do banquete, com La Sagreta (da Planeta), e seu final com Tokaji 3 aszù puttonyos, um presente húngaro doce fermentado com o vinho base e mais 75 kg de uvas aszú. Delirante!

Resta aqui agradecer ao convite do estimado Mário (que, me permitam o trocadilho irresistível, agora não mais Soma, hoje Multiplica). Cuidadoso, Mário nos apresentou esse oásis encravado no centro do Shopping Frei Caneca, o Northgrill. Cabe citar a precisão de Sommelier do Antonio Mendez e o serviço quase perfeito do Eriomar Novaes.

Digo quase perfeito porque preciso fazer uma crítica contundente nestas linhas finais. Algo realmente deixou a desejar. Uma coisa destoou indesculpavelmente de todo o resto: a água.

A água servida, entre um vinho e outro, estava – pasmem os senhores –incolor e inodora. Sem sabermos o porquê, manteve-se o mesmo líquido insípido de sempre, frente a um carnaval de sabores e cores. O que aconteceu com a água que não se transformou em vinho? Talvez faltasse alguém à mesa para esse milagre. Deixo aos místicos e enólatras a explicação para essa falta imperdoável.

Tagil Ramos 25/04/2007