Qual a confraria ideal?

Inspirações




Puxa vida! Muito obrigado pelas postagens. Foi realmente bom estar com vocês! Faço questão de deixar registrado os sentimentos de quem foi.Até a próxima.

[#] Mario,Excelente harmonizacao entre os pratos e vinhos. O Pinot Noir e o vinho húngaro de sobremesa estavam realmente especiais.Parabens! (Marcio Cavalieiri)
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[#]A perfeita combinação de sabores e serviços de altíssimo bom gosto só poderiam resultar em um evento assim - Sensacional. Obrigado ao Mário pela excelente acolhida. (Leandro Monteiro)
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[#]Foi um Grande Sacrifício...O sacrifício do vinhoContra o crepúsculo O vinho assoma, exulta, sobreleva Muda o cristal da tarde em rubra pompa Ganha som, ganha sangue, ganha seios Contra o crepúsculo o vinho Menstrua a tarde.Ah, eu quero beber do vinho (de preferência, Amayna) em grandes haustosEu quero os longos dedos líquidosSobre meus olhos, eu queroA úmida língua...O céu da minha bocaÉ uma cúpula imensa para a acústicaDo vinho, e seu eco de púrpura...O cantochão do vinhoCresce, vermelho, entre muralhas súbitasCarregado de incenso e paciência.As sinetas litúrgicasErguern a taça ardente contra a tardeE o vinho, transubstanciado, bate asasVoa para o poenteO vinho...Uma coisa é o vinho brancoO primeiro vinho, linfa da aurora impúbereSobre a morte dos peixes.Mas contra a noite ei-lo que se levantaVarado pelas setas do poenteTransverberado, o vinho...E o seu sangue se espalha pelas ruasInunda as casas, pinta os muros, fereAs serpentes do tédio; dentroDa noite o vinhoLuta como um LaocoonteO vinho...Ah, eu quero beijar a boca moribundaFechar os olhos pânicosBeber a áspera morteDo vinho...Vinicius de MoraesParis, 1957Muito bom Mário... Uma de enogatronomica (Demétrius Danesi)

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[#]Crônica de uma confraria anunciada Dizem as boas e más línguas que Moisés, tendo vivido 40 anos de deserto, não entrou na Terra Prometida com seu povo. Pela fatalidade do Destino, Augusto Pinto não compareceu à Confraria de Abril de 2007, depois de quatro anos de presença assídua em 40 encontros memoráveis. Cabalisticamente, o grupo ficou sem a presença do líder, num momento cheio de significados. Tentando driblar esse trágico destino, tivemos de fazer um enorme sacrifício. Degustamos, com lágrimas nos olhos e tinino na boca, o Pinot Noir Amayna servido na ocasião. Olhamos para o cordeiro pascal, ali, tão belamente sacrificado e grelhado em costeletas suculentas, junto a um risoto milanês irresistível. Aceitamos o sacrifício e mandamos ver.Compenetrados e silentes, nos debruçamos sobre o bacalhau grelhado com batatas rosty. Tivemos quase a impropriedade de gritar em meio ao salão nobre do restaurante Northgrill: “Salve Saul! Salve Valdemar!” Antes que me chamem de louco ou mentiroso, me permitam explicar: o Saul referido não é o bíblico rei que antecedeu Davi, mas o nosso colega jornalista Saul Galvão, que nos presenteou a graça da combinação divina entre o bacalhau grelhado e o forte-suave Conde de Valdemar fermentado em barrica. Estupendo! Babante!Com a permissão do nosso Márcio Cavallieri, que diz não gostar dos brancos (um preconceito sincero pelo amor aos tintos e retintos), faço a justiça de também citar a abertura do banquete, com La Sagreta (da Planeta), e seu final com Tokaji 3 aszù puttonyos, um presente húngaro doce fermentado com o vinho base e mais 75 kg de uvas aszú. Delirante!Resta aqui agradecer ao convite do estimado Mário (que, me permitam o trocadilho irresistível, agora não mais Soma, hoje Multiplica). Cuidadoso, Mário nos apresentou esse oásis encravado no centro do Shopping Frei Caneca, o Northgrill. Cabe citar a precisão de Sommelier do Antonio Mendez e o serviço quase perfeito do Eriomar Novaes. Digo quase perfeito porque preciso fazer uma crítica contundente nestas linhas finais. Algo realmente deixou a desejar. Uma coisa destoou indesculpavelmente de todo o resto: a água. A água servida, entre um vinho e outro, estava – pasmem os senhores –incolor e inodora. Sem sabermos o porquê, manteve-se o mesmo líquido insípido de sempre, frente a um carnaval de sabores e cores. O que aconteceu com a água que não se transformou em vinho? Talvez faltasse alguém à mesa para esse milagre. Deixo aos místicos e enólatras a explicação para essa falta imperdoável. (Tagil Ramos)

3 comentários:

Marcio disse...

Mario,

Excelente harmonizacao entre os pratos e vinhos. O Pinot Noir e o vinho húngaro de sobremesa estavam realmente especiais.

Parabens!

Marcio

lemonteiross disse...

A perfeita combinação de sabores e serviços de altíssimo bom gosto só poderiam resultar em um evento assim - Sensacional. Obrigado ao Mário pela excelente acolhida.

Unknown disse...

Foi um Grande Sacrifício...


O sacrifício do vinho

Contra o crepúsculo
O vinho assoma, exulta, sobreleva
Muda o cristal da tarde em rubra pompa
Ganha som, ganha sangue, ganha seios
Contra o crepúsculo o vinho
Menstrua a tarde.

Ah, eu quero beber do vinho (de preferência, Amayna) em grandes haustos
Eu quero os longos dedos líquidos
Sobre meus olhos, eu quero
A úmida língua...

O céu da minha boca
É uma cúpula imensa para a acústica
Do vinho, e seu eco de púrpura...
O cantochão do vinho
Cresce, vermelho, entre muralhas súbitas
Carregado de incenso e paciência.
As sinetas litúrgicas
Erguern a taça ardente contra a tarde
E o vinho, transubstanciado, bate asas
Voa para o poente
O vinho...

Uma coisa é o vinho branco
O primeiro vinho, linfa da aurora impúbere
Sobre a morte dos peixes.
Mas contra a noite ei-lo que se levanta
Varado pelas setas do poente
Transverberado, o vinho...
E o seu sangue se espalha pelas ruas
Inunda as casas, pinta os muros, fere
As serpentes do tédio; dentro
Da noite o vinho
Luta como um Laocoonte
O vinho...

Ah, eu quero beijar a boca moribunda
Fechar os olhos pânicos
Beber a áspera morte
Do vinho...

Vinicius de Moraes
Paris, 1957

Muito bom Mário...
Uma ode enogatronomica